sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Sermão do Pe. Cardozo na Missa de Santo André Corsini, em Betim/MG, 04/02/15.



       Prezados leitores,
Salve Maria!

Neste sermão da Missa de Santo André Corsini, em Betim/MG, o Pe. Ernesto nos falará sobre o porquê da inscrição de Pôncio Pilatos no Credo Católico; sobre liberalismo; sobre a Neo-FSSPX. Abaixo, o vídeo e a transcrição.











“Hoje eu queria tocar num tema – e a razão vou falar no fim do sermão porque vou tocar neste tema – Eu não sei se algum de vocês já se pôs a pensar porque no Credo da Missa mencionamos a Pilatos: ‘Foi crucificado no tempo de Pôncio Pilatos’. Se lembram? Porque a Igreja põe Pilatos no Credo da Missa e não põe Anás, não põe Caifás, não põe Judas, não põe Herodes? Porque Pilatos? Porque, alguns dirão, é que um dos motivos é que a Igreja, ao mencionar ‘Pôncio Pilatos’ está mencionando o momento histórico em que a Paixão de Cristo acontece, ou seja, porque Cristo não foi um personagem de lenda, foi um Personagem real, existiu e então a colocar ‘Poncio Pilatos’, se situa no momento histórico, uma data histórica determinada e pronto!. Sim! É certo por uma questão histórica, mas porque não coloca ‘Caifás’? Porque Pilatos, quando, neste diálogo estupendo que faz com Cristo, em um momento Cristo lhe diz que ‘Aquele que me entregou a ti tem um maior pecado’. E quem o entregou a Pilatos? Os sumos sacerdotes dos judeus e porque não estão Caifás e Anás ai? Porque? A pergunta está se a contemplamos, se a consideramos este diálogo de Cristo com Pilatos, no momento em que levaram Cristo ante o tribunal de Pilatos. Por um lado, quando trazem Cristo ante Pilatos, Pilatos pergunta: ‘Porque me trazem este Homem?’ e os judeus diz ‘não te traríamos se não fosse causa de morte.’. Ou seja, Cristo já estava condenado a morte pelo Sinédrio. Cristo já estava sentenciado quando O levaram até Pilatos. E de novo a pergunta: Porque Pilatos no Credo? Pilatos diz: ‘julguem vocês!’ – ‘Nós não temos capacidade de aplicar a pena de morte’, diz os judeus. Ou seja, a sentença não era uma sentença qualquer. Era uma sentença de morte. Então Pilatos se dá conta que já lhe trazem um Réu que já está julgado, sentenciado e com pena de morte. Então, Pilatos faz Cristo entrar, e os judeus para não se contaminar, ficam para o lado de fora, e começa este diálogo maravilhoso que faz com Cristo.E Pilatos se assombra porque Cristo, diante das acusações, não fala nada. ‘Não está ouvindo do que estão Te acusando e não falas nada?’ e Cristo nada diz. E em um momento Cristo lhe diz: ‘Todo aquele que é da Verdade escuta a minha voz’. E o tonto Pilatos, que seguramente, dentre tantas outras coisas era muito orgulhoso Lhe diz: ‘E o que é a Verdade?’. Poderia ter ouvido a melhor definição do mundo da Verdade e Pilatos antes de escutar esta definição se vai embora. Porque é um cético. É uma pessoa que pouco lhe importa a Verdade e teria a Verdade frente a ele. Então sai ao povo e diz: ‘Eu não vejo neste Homem causa de pena de morte’. PRIMEIRA DECLARAÇÃO DE INOCÊNCIA! Então diz aos judeus: ‘Não! Este Homem esteve agitando as pessoas e veio da Galiléia chateando e tumultuando dizendo que não se pague tributo a César’. E quando se diz que ele é da Galiléia, Pilatos diz: ‘Pronto! Se és galileu, mande-o a Herodes; eu não quero resolver este problema’. Lhe mandam a Herodes. Interessante a situação de Cristo com Herodes, porque, se analisarmos, Cristo tentou salvar Judas, tentou tocar no coração de Judas, quando disse: ‘Judas, com um beijo entregas o Filho do Homem?’. Falou com Anás, falou com Caifás, falou com Pilatos, mas não fala com Herodes. Mas, porque? O que tem Herodes? Herodes tinha sobre a sua consciência a morte de São João Batista, e tinha sobre a sua consciência também o pecado público de estar vivendo com a mulher do seu irmão, Herodíades, que por isso, era um libertino.Cristo, a própria Pureza, nem se quer olha este homem. Veja que o desprezo que se tem deste homem é manifesto! A Misericórdia é infinita, veja, como atua a Misericórdia e a Justiça Divina. Então, diante de Herodes, nem se quer olha, nem uma palavra lhe diz; e Herodes, incomodado, lhe faz por uma túnica branca - que lembra a túnica que o sacerdote usa -  para fazê-lo passar por louco e lhe diz: ‘Ah! É um homem doido, vá-se embora, já o tenho sentenciado’ e o mandam a Pilatos. Pilatos o recebe de volta e diz ao povo: ‘Nem eu e nem Herodes vemos causa para condenar este Homem a morte, vou soltá-lo’. E os sacerdotes começam a temer que se vai escapar a Vítima. Começa a fazer pressão. E o que fazem? Começam a gritar coisas, o voto popular. Ai vemos a origem da demonocracia. Vemos que torcida é a demonocracia. E então, Pilatos comete o primeiro erro. Disse: ‘Vou fazer açoitá-Lo para tratar de tranqüilizar o povo. Vou fazer açoitá-lo e depois vou liberá-Lo’. Ele comete o primeiro erro porque comete a injustiça, ele reconhece duas vezes a inocência deste Homem e o manda açoitar. Açoitar um homem, um açoite feito pelos romanos era uma coisa prévia da morte. Quando alguém não ia à pena de morte mas que tinha que levar um bom castigo, o faziam açoitar. E muitos réus morriam durante a flagelação. Por isso que os judeus mandavam que os réus de flagelação somente poderia ter no máximo 39 chibatadas. Mas aqui quem está são os romanos a dar as chibatadas e os romanos não fazem caso da Lei de Moisés e, no decorrer da Semana Santa, Cristo sofre mais de 150 chibatadas. Mais de 150 chibatadas! Então, se produz toda esta chacota que se faz com Nosso Senhor, os soldados romanos começam a dizer: ‘Ah este é o Rei dos Judeus. Ponhamos uma coroa’. E pegam uma cana [vara] para que se enterre a corroa à cabeça, coloca-lhe um manto vermelho, fazem chacota dEle, todo este escárnio. E Pilatos manda trazer o Réu e diz aquela famosa frase: ‘Ecce Homo!’. Porque diz ‘Ecce Homo!’? É uma ironia! Porque o que está aqui não é um homem, é um despojo de homem. É o estado em que ficou Nosso Senhor após a flagelação. Mas, Pilatos já havia cedido, já havia sido injusto, já tinha mandado sofrer semelhante escárnio a um Homem que ele reconhecia que era Justo. E ele era a autoridade. E voltemos: Porque Pilatos no Credo? Não foi, acaso, o povo judeu quem pediu a crucifixão? E porque não está o Povo Judeu e sim Pilatos? Porque? E ai Pilatos, ante à gritaria dos judeus, faz outra concessão ao inimigo, outra quebra. Pilatos diz: ‘Vou soltar a um réu. E vocês elegem qual réu. Aquele réu ou a este que se diz Rei dos Judeus’ e traz Barrabás. E comete outra grande injustiça. Qual é? De igualar Barrabás a Cristo. O erro com a Verdade. Um criminoso com a Suma Justiça, a Suma Pureza. Isso é um juiz? Isso é uma miséria de juiz! E este juiz põe Barrabás e Cristo ao mesmo nível. Bem, e o que gritaram? ‘Barrabás! Barrabás!’. ‘E o que faço com o Cristo?’- ‘Crucifica-lhe! Crucifica-lhe!’. E já cedeu uma vez, a segunda, põe Barrabás com Cristo, a terceira, a definitiva: Os judeus vendo que Pilatos duvidava do que fazer; os judeus sabiam qual é o ponto fraco de qualquer pessoa que tem poder. O ponto fraco de uma pessoa que tem poder é perder o poder. Então disseram: ‘Cuidado! Se tu soltas a este, não és amigo de César’. E ai, claro, Pilatos disse: ‘Como? Eu perder o meu posto por conta deste Senhor? Não! Não! Tudo bem, Ele é justo, mas eu perder o meu posto por conta deste Homem? Não!’. Vejam como os hebreus, que seguramente tinha uma comunidade forte em Roma e quiçá os hebreus prestariam algum dinheirinho a César, como hoje se faz em todas as partes, o que lhes recorrem a lembrar de César, porque eles tinham algum poder sobre César. Então, se eles não tivessem poder sobre César, Pilatos não tinha cedido ante a esta ameaça. Eles tinham poder sobre César! E é por isso que aqui Pilatos já disse: ‘Não!Já não posso mais’ e cede a terceira vez e manda trazer-lhe água e lava as mãos. ‘Eu sou livre do sangue deste Justo’. Confirma a inocência deste Homem e o manda matar. Vejam que juiz! Magnífico juiz! [ironia] E se lava as mãos. Bem, porque toda esta História? Porque lembrar de toda esta História? Porque dizer Pilatos no Credo?

Queridos fiéis, Pilatos é o elemento acabado e perfeito de um católico liberal. Ele reconhece a Cristo como a Verdade, reconhece a Cristo como Filho de Deus, a inocência. Mas, não se brinca com isso. Não se vai perder o posto por conta de um inocente... Não! Estamos fartos de liberais! Estamos ‘por aqui’ de liberais. E porque a Igreja põe Pilatos no Credo e não põe Anás, Caifás, Judas?  Porque Anás, Caifás, Judas são inimigos declarados e pronto! Pilatos é o exemplo do qual devemos tomar cuidado. É o católico liberal, aquele que reconhece a inocência do justo, mas se lava as mãos, e que se arranje. Ou não são católicos liberais os senhores que estão num Senado e votam uma lei iníqua como a lei do divórcio, a lei do aborto, porque o partido o exige. E quantos desses senhores já foram batizados? E quantos desses senhores se dizem católicos? Mas o partido manda que tenham que votar uma lei iníqua, mas é claro que não vão perder o seu posto de senadores, por favor, por um inocente [ironia]. Não! São homens do mundo... Então os liberais começam a transar entre a Verdade e o erro, começam a colocar a Verdade e o erro no mesmo nível e, claro, sempre, perde a Verdade. Então, porque mencionar Pilatos? Repito: porque é o inimigo do qual nós temos que nos cuidar. É o pior inimigo. Porque de um  judeu, de um maçon, de um comunista, estes eu sei que são inimigos; estes eu sei que atuam como inimigo e pronto, mas um católico liberal que está mostrando, inclusive, uma batina bem arranjada, inclusive bispos com botõezinhos, vermelhos, bonitos... Mas o que falam? Dizendo que o [Concílio] Vaticano II é 95% bom, quando o [Concílio] Vaticano II diz, dentre outras barbaridades,  diz que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica. Ou seja, a Igreja de Cristo não é a Igreja Católica. É apenas um pedacinho. Subsiste. Só por isso, já é para jogar no lixo o Concílio Vaticano II. Então, quando vemos homens defendendo o Concílio Vaticano II, mesmo que falem de Cristo bonito, falem bem de Cristo que é Filho de Deus, sim... sim... mas depois, menciona o Concílio [Vaticano II], isso não presta para nada. Estes são os novos Pilatos. Estes são aqueles que não entenderam quando Cristo disse: ‘Quem não está comigo, está contra mim. Quem  não recolhe comigo, espalha’. Não há três bandeiras. Há apenas uma bandeira de Cristo e outra do Anticristo. Mas o católico liberal está sempre buscando uma terceira bandeira. Mas, claro, buscar uma terceira bandeira sempre se inclina pela bandeira do Anticristo e sempre termina traindo a Cristo. E porque trago agora isto?

Alguns dias atrás, e eu me lamentei já, fiquei com uma indignação terrível. O personagem que se diz ser o chefe do movimento da tradição, um tal de Mons. Fellay, resulta que convida um bispo [Athanasius] Scheider, conservador. Este bispo que é conservador, gosta de celebrar a Missa Tridentina, diz coisas bonitas, foi ao Seminário de Flavigny, da Fraternidade, na França e pregou aos seminaristas que recentemente entravam. Coitados dos meninos! Aos seminaristas, pregou, é claro, que o Concílio Vaticano II é uma coisa boa. É preciso interpretá-lo bem, que tem atraído muitas coisas boas à Igreja, e etc. Como é possível? Como é possível que sejam tão bandidos? Tão traidores? Seminaristas que recém começam seus trabalhos, seus estudos e já estão recebendo os venenos de que o Concílio Vaticano II é bom, que está tudo bem, que é 95% bom... Senhores! Ou estamos com a Igreja de Sempre e todos os Concílios Dogmáticos ou estamos com esta igreja nova e este concílio novo, o Vaticano II. Não existe outra coisa. Não podemos estar com a Igreja de antes do Concílio e esta pós conciliar. Não. São duas coisas que se opõe. Então, queridos fiéis, somos um pouco Pilatos. Todos nós alguma vez já traímos a Cristo. Todos nós, já reconhecidos a Cristo e dizemos ser católicos, mas depois, no falar, no fazer, no vestir, enfim, traímos a Cristo. E por quê? Porque desgraçadamente, estamos vivendo numa época de liberalismo puro e duro. Temos mamado liberalismo desde o berço. Por isso devemos ter um cuidado especial com o liberalismo e especialmente no que fazem à Doutrina, porque é isso que faz direcionar a nossa vida. Se somos liberais na Doutrina, não vamos alcançar o fim que é a salvação da noss’alma, e isso é certo. Então, porque a Igreja põe Pilatos no Credo, é para que tenhamos atenção àqueles inimigos que temos que nos cuidar. Aqueles que crucificam a Cristo diariamente, os que mandam crucificar a Cristo diariamente, os que mandam crucificar a Cristo diariamente. Pelos que parecem homens justos. Que parecem homens que põem em jogo o direito. Mas fazem do direito o que querem. Então, queridos fiéis, peçamos a Santíssima Virgem, que celebramos a Festa das Candeias, segunda feira. Celebramos e entramos com as velas acesas como símbolo de Cristo, a Luz do mundo; que nós devemos ser a luz do mundo e não sombra mais. Devemos iluminar e dizer as coisas como são. Que ser liberal é pecado, como diz o querido Sarda y Salvany no famoso livro, que a todos recomendo, O liberalismo é pecado; não podemos ser liberais e ser católicos. Há um famoso sacerdote, apóstata, dizia que um católico liberal é um maçon sem bandeira. E está muito bem dito. O católico liberal é um maçon sem bandeira. Não é necessário que entre na maçonaria. A ser liberal já está fazendo o trabalho dos maçons, os inimigos da Igreja. Cuidado sobre estas coisas. Alertai sobre estas coisas. ‘Que o vosso falar seja, sim, sim, não, não’. Disse Cristo. Não disse Cristo: Que o vosso falar seja 95% bem [bom] e os outros mais ou menos... Não! Não! Por Deus! Estas coisas tem que ascender a luz de alarme. E vemos 500 sacerdotes adormecidos frente a estas coisas... ante estas luzes de alarme que já são tão evidentes. Então, claro... repito: não podemos ser católicos e ser liberais.


Peçamos à Santíssima Virgem, Ela que é a Mãe da Sabedoria, que Ela nos dê a sabedoria e a fortaleza para que, distinguindo o erro, abracemos a Verdade e combatamos o erro e assim um dia, alcançaremos o Prêmio eterno, que é o céu e a bem-aventurança. Ave Maria Puríssima!”