quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Os fundamentos da nossa posição I.

Excertos de "Florilégio de textos de Monsenhor Lefebvre" – Pelos Dominicanos de Avrillé

Florilégio de textos de Monsenhor Lefebvre


OS FUNDAMENTOS DE NOSSA POSIÇÃO

Tradução: Rafael Horta

“A verdadeira oposição fundamental é o Reino de Nosso Senhor Jesus Cristo. ‘Oportet illum regnare’, é preciso que Ele reine nos diz São Paulo.  Nosso Senhor veio para reinar. Eles dizem não, e nós, nós dissemos sim, com todos os papas. Nosso Senhor não veio para ficar escondido no interior das casa, e delas não poder sair. Por que os missionários, tantos deles, foram massacrados? Para pregar que Nosso Senhor Jesus Cristo é o Único e Verdadeiro Deus; para dizer aos pagãos de para se converterem. Então os pagãos quiseram fazê-los desaparecer, mas eles não hesitaram em dar suas vidas para continuar a pregar Nosso Senhor Jesus Cristo. Agora é preciso fazer o contrário, dizer aos pagãos: ‘Vossa religião é boa, conservai a mesmo que vós sejais budistas, bons muçulmanos ou bons pagãos!’ é por isso que não podemos nos entender com eles (Roma), por que nós obedecemos a Nosso Senhor  dizendo aos apóstolos: ‘Ide ensinar o Evangelho até as extremidades da Terra.’”

 “Por isso, não deve surpreender-nos que não fomos capazes de nos entender com Roma. Não é possível, desde que Roma não volte à fé no reino de nosso Senhor Jesus Cristo, pois dá a impressão de que todas as religiões são boas. Estamos diante de um confronto com a fé católica, como se confrontaram o cardeal Bea e o cardeal Ottaviani, e como se confrontaram todos os papas com o liberalismo. É a mesma coisa, a mesma corrente, as mesmas ideias e as mesmas divisões no seio da Igreja [1].”

“Nós devemos ser livres de todo compromisso, tanto a respeito dos sedevacantistas quanto a respeito daqueles que querem absolutamente ser submissos a autoridade eclesiástica.

Nós queremos permanecer apegados a Nosso Senhor Jesus Cristo. Ora, o Vaticano II descoroou Nosso Senhor. Nós queremos ficar fiéis à Nosso Senhor, Rei, Príncipe e Dominador do mundo inteiro. Nós não podemos mudar nada nesta linha de conduta.

Também, quando se nos coloca a questão de saber quando haverá um acordo com Roma minha resposta é simples: quando Roma recoroar Nosso Senhor Jesus Cristo. Nós não podemos estar de acordo com aqueles que tiram a Coroa de Nosso Senhor. No dia em que eles reconhecerem novamente Nosso Senhor Rei dos Povos e das Nações, não é nós que eles se unirão, mas à Igreja Católica na qual nós permanecemos [2].”

RECOMENDAÇÕES DE MONSENHOR LEFEBVRE ANTES DAS SAGRAÇÕES

“Duas semanas antes das sagrações de 30 de junho de 1988, Monsenhor Lefebvre convidou a estarem em Ecône os quatro padres escolhidos para fazerem os preparativos para a cerimônia. No correr de dois ou três dias em que eles passaram no seminário, no mesmo momento, Monsenhor Lefebvre lhes concedeu dois discursos privados, em um dos quartos do seminário, ao lado do seu, que é agora o oratório São Marcel.

Apartir das notas tomadas enquanto ele falava com sua habitual calma e doçura, se pode reconstituir o texto aproximativo daquilo que disse. É de um grande interesse; estas palavras revelam o estado de espírito no qual este gigante da história da Igreja colocou neste ato que foi, para a Tradição Católica, sua ‘cruzar o Rubicão’ e para Monsenhor Lefebvre mesmo, como a coroação de sua gloriosa carreira a serviço de Nosso Senhor Jesus Cristo.”

† Mgr Richard Williamson
*
*   *



12 de junho

- Monsenhor Lefebvre: está terminado. Fim das negociações. Quanto mais se reflete mais se rende conta que as intenções de Roma não são boas. A prova: é o que se passou com Dom Augustin e o padre de Blignières [3]. Eles querem tudo reunir no Concílio, nos deixando apenas um pouco da Tradição.

M. de Saventhem [4] pensa que ainda há meio de se entender com Roma. Mas não se trata de pequenas coisas. Para Roma, eles ficam do jeito que estão; não se pode dar a mão com esse tipo de gente. Nós não queremos nos deixar engolir. É uma ilusão Dom Gerard [5] imaginar que um acordo nos daria um imenso apostolado. Sim, mas em um quadro equívoco, ambíguo que nos apodreceria.
        
Nos dizem : ‘Vocês terão mais vocações se estiverem com Roma...’ Mas estas vocações, se dissermos qualquer coisa contra Roma, se oporiam e encheriam de peste nossos seminários. E os bispos lhe diriam : ‘Então, vinde conosco !’ Lentamente a confusão se faria.

As irmãs de Saint-Michel-em-Brenne, as dominicanas de Fanjeaux e de Brignolles são todas contra um acordo: ‘não é preciso depender de Ratzinger, dizem elas. Imaginai: ‘se ele vier nos fazer conferencias!...e nos dividir!’

E se algumas de nós nos deixarem ? isto não seria tão grave como em 1977. Os padres Blin, Gottlieb e Cie, estão hoje todos dispersos [6]. É preciso uma segunda decisão contra a Roma neo-modernista (depois da primeira em 1976). Que quereis fazer ? Desta vez é mais grave ? o problema de fundo continua o mesmo : Roma quer aniquilar a Tradição. Quanto aos sede-vacantistas, estão furiosos contra nós.

*
É por respeito à Igreja, à serviço da Fraternidade São Pio X, que faço essas sagrações, como estipulado no protocolo de 5 de maio. É a Fraternidade que é o interlocutor válido junto de Roma.  Pertencerá ao Superior Geral de retomar contato com Roma no tempo oportuno.

O papel dos bispos sagrados: as ordenações, as confirmações e a manutenção da fé [7] à ocasião das confirmações. Será preciso proteger o rebanho.

Isto será um grande apoio à Fraternidade. Será preciso um grande acordo, sem muitas iniciativas pessoais, por exemplo, em caso de pedidos de ordenações. Não ordenais ninguém individualmente. E examinai bem a comunidade de onde vêm os candidatos.

Roma quer nos fazer virar.


Depois de 30 de junho eu fico aqui; terei terminado, tendo dado a Fraternidade o quadro que lhe era preciso. Ao papa eu digo: quando a Tradição voltar a Roma, não haverá mais problema.

*
A excomunhão ? ela não valeria nada pois que eles não procuram o bem da Igreja. Mas excomungar vai lhes fazer bem.

Eles estão um pouco em panico. Eles procuram me atingir de todos os lados : de Saventhem, um bispo Tcheco, etc. Eles procuram me impedir de agir. Eles quiseram me enviar madre Teresa de Calcutá.

Mas não é difícil os receber. Não é preciso ficar relembrando disso a todo momento. Basta ler a carta do padre C. Que debocha de nossos seminarista os afastando de nós : ele confessa que os trata como traidores, que os obriga a deixar a batina, que não os recebe. Ele descobriu isso que é Roma. « Mater Ecclesiae» : isso que eles querem fazer de nós [8] ! E Ratzinger, no momento deste acordo, se alegraria com a partida dos seminaristas. Então, por que eles mantem conversação conosco? Deus nos protegeu fazendo que o acordo não acontecesse.



[1] — Conférencia em Sierre (Suiça), em 27 de novembro de 1988, extraito de Fideliter 89 (set. 1992), p. 12.
[2] — Conférencia em Flavigny, dezembro de  1988, extraito de Fideliter 68 (mar 1989), p. 16.
[3] — O monsteiro beneditino de Dom Augustin, pouco a pouco, se entregou a Nova Missa no final dos anos 1980; a fundação dos terciários dominicanos do padre Blignières passou do sedvacantismo ao acordo com Roma e a liberdade religiosa.
[4] — Na época, presidente da Una Voce internacional.
[5] — Na época, prior do mosteiro de Sainte-Marie Madeleine du Barroux e que escolheu fazer acordo com Roma em 1988.
[6] — Monsenhor  Lefebvre faz alusão aos padres que o tinham deixado em 1977 ; eles foram encorporados as dioceses e hoje dizem a nova missa.
[7] — Sublinhado nas notas originais.
[8] — Monsenhor Lefebvre faz alusão a uma empreitada de recuperação orquestrada por Roma (e o cardeal Ratzinger) em 1986-1987 : um seminário de « sensibilidade tradicional », daí o nome de Mater Ecclesiae, tinha sido aberto em Roma para recuperar os seminaristas saídos de Ecône. O seminarista que tinha servido como instrumento para esta aventura escreveu a Ecône, pouco tempo antes das sagrações de 1988, para confessar que ele tinha sido enganado pelas autoridades romanas.