quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Os fundamentos da nossa posição II.

Excertos de "Florilégio de textos de Monsenhor Lefebvre." – Pelos Dominicanos de Avrillé


Florilégio de textos de Monsenhor Lefebvre



OS FUNDAMENTOS DE NOSSA POSIÇÃO


Tradução: Rafael Horta



13 de junho

          - Monsenhor Lefebvre: sejam agradecidos da parte da Fraternidade.

         No fundo, Roma não responde nunca à questão essencial. Eles nos pedem uma declaração, eles nos obrigam a aderir a um mínimo disto que eles pensam, mas nunca está em questão o fundo liberal e modernista. Ao passo que eu, constantemente lhes relembro se seu modernismo.

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(Sobre o carta de 2 de junho) [9]:

As conversas, embora bem educadas, nos convenceram que o momento para um acordo ainda não veio. Nós precisamos de uma proteção contra o espírito de Assis. Nós não temos nunca resposta a nossas objeções, nunca!  Todas as brigas não serviram de nada. Nós perseguimos, eles e nós, dois objetivos diferentes nestas conversas. Nós esperamos que a Tradição volte a Roma; mas eles não se movem nunca.

A resposta do Santo Padre a minha carta diz isso (em substancia): “Preocupado pela unidade, eu quis ter essas conversas. Em 5 de maio (data da assinatura do protocolo) permitiria a Fraternidade de continuar na Igreja, segundo os 21 concílios, compreendido o Concílio Vaticano II.

Eu dei uma resposta oral. Nenhuma resposta de Roma até o momento.



*

Um de nossos padres da Fraternidade me propôs de fazer uma carta de perdão. Mas respondi que diante de Deus, nós é que deveríamos pedir que eles fizessem o juramento anti-modernista e de aceitar a Lamentabili e a Quanta Cura. Nós é que devemos questionar sobre a fé. Mas eles não respondem. Eles não fazem nada além de confirmar seus erros.

Em 12 de junho, M. Saventhem me disse: “Sois vós que levareis a responsabilidade.” Eu lhe respondi: “Vede a carta do padre C. sobre a Mater Ecclesia. O padre escreveu: ‘Eu lamento tudo’. Há igualmente sua carta de súplica ao cardeal Ratzinger. Ele enviou várias cartas ao cardeal e não teve nenhuma resposta! Durante dois anos, eles riam destes jovens que foram obrigados a se alinhar.”


Garrone, Innocenti, Ratzinger: é o mesmo espírito para conosco. Fontgombault, Port-Marly, sempre a mesma coisa. O bispo local tem a razão e a Tradição é a culpada.
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Seventhem disse que são pequenos detalhes! Mas há muitas consequências atrás dos pequenos detalhes. Eles desejam levar nossas obras para o espírito conciliar. Se tivéssemos aceitado estaríamos mortos! Não teríamos durado um ano.

Seria preciso viver em contato com os conciliares, ao passo que atualmente nós estamos juntos. Si tivéssemos dito sim teríamos uma divisão no seio da Fraternidade; tudo nos teria dividido.

Novas vocações viriam porque estaríamos com Roma, nos dizem. Mas estas vocações não suportariam nenhuma distancia de Roma, nenhuma crítica: isto seria a divisão! Atualmente, as vocações se classificam elas mesmas.

Vejais: Monsenhor Decourtray oferece ao padre Laffargue uma paróquia tradicional, sob condição de deixar a Fraternidade... Eles roubam os fiéis, eles nos levariam ao concílio...

É por isso que salvamos a Fraternidade e a Tradição nos afastando prudentemente. Fizemos uma tentativa leal; nós nos perguntamos se poderíamos continuar com tal tentativa e estando protegidos: isso seria impossível. Eles não mudaram, senão para pior. Um exemplo: as relações de Monsenhor Casaroli com Moscou...

Nossos fiéis estarão loucos de alegria. Eles dirão: ‘a Tradição continua’. Isto seria ‘ouf’ à 90%.

Não teríamos bispo para o dia 15 de agosto. Monsenhor Schwery disse a televisão e a rádio que o Vaticano tinha recusado nossos candidatos. Se fosse Dom Gerard, o padre Pozzetto, o padre Laffargue, eles aceitariam, mas não nossos candidatos. Então, eles teriam adiado indefinidamente...

Em tudo isso Monsenhor Seventhem raciocina como se fosse um deles.

*

Vosso papel, sendo bispos, será o de dar os sacramentos e de assegurar a pregação da fé.

Vos estareis ao serviço da Fraternidade. Roma tratou comigo a causa da Fraternidade que é um orgão válido. Tende uma grande união entre vós para dar mais força a Tradição. E estará a cargo do Superior Geral de tomar as decisões. Atenção para com as ordenações sob condição : quase todos aqueles que estão neste caso nos abandonam. E preciso antes re-confirmar que re-ordenar.

*

O mesmo padre me fez saber que no l’Obsservatore Romano, Roma disse que haverá uma declaração de excomunhão.

Eu respondi ainda que consagrar bispos não é em si cismático. A excomunhão não figuraria no antigo Código. Foi somente depois de Pio XII que a consagração dos bispos patrióticos chineses isso foi declarado cismático.

Em Roma eles estão muito nervosos. Saventhem me deu o número de fax do cardeal Ratzinger.

Eles têm AIDS espiritual. Eles não têm mais a graça. Eles não têm mais sistema de defesa. EU NÃO CREIO QUE SE POSSA DIZER QUE ROMA NÃO PERDEU A FÉ.

As sanções de inconveniência diminuirão com o tempo. O povo simples compreendera, é o clero que reagirá...

As testemunhas da fé, os mártires, tem sempre a escolher entre a fé e a autoridade. Nós vivemos o processo de Joana d’Arc; mas em nosso caso, isso não acontece de uma vez só, é durante 20 anos.


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[9] — Se trata da carta pela qual Monsenhor Lefebvre abre ao papa sua consciencia ; ele não poderia prolongar as negociações com base na deslealdade de Roma e por que o objetivo da reconciliação esperada « não é para a Santa Sé o mesmo que é para nós. »

Leia: "Os fundamentos da nossa posição I" aqui.