Prezados leitores,
Salve Maria!
Neste sermão da Missa de
Santo André Corsini, em Betim/MG, o Pe. Ernesto nos falará sobre o porquê da
inscrição de Pôncio Pilatos no Credo Católico; sobre liberalismo; sobre a
Neo-FSSPX. Abaixo, o vídeo e a transcrição.
“Hoje eu queria tocar num
tema – e a razão vou falar no fim do sermão porque vou tocar neste tema – Eu
não sei se algum de vocês já se pôs a pensar porque no Credo da Missa mencionamos
a Pilatos: ‘Foi crucificado no tempo de Pôncio Pilatos’. Se lembram? Porque a
Igreja põe Pilatos no Credo da Missa e não põe Anás, não põe Caifás, não põe
Judas, não põe Herodes? Porque Pilatos? Porque, alguns dirão, é que um dos
motivos é que a Igreja, ao mencionar ‘Pôncio Pilatos’ está mencionando o
momento histórico em que a Paixão de Cristo acontece, ou seja, porque Cristo
não foi um personagem de lenda, foi um Personagem real, existiu e então a
colocar ‘Poncio Pilatos’, se situa no momento histórico, uma data histórica
determinada e pronto!. Sim! É certo por uma questão histórica, mas porque não
coloca ‘Caifás’? Porque Pilatos, quando, neste diálogo estupendo que faz com
Cristo, em um momento Cristo lhe diz que ‘Aquele que me entregou a ti tem um
maior pecado’. E quem o entregou a Pilatos? Os sumos sacerdotes dos judeus e porque
não estão Caifás e Anás ai? Porque? A pergunta está se a contemplamos, se a
consideramos este diálogo de Cristo com Pilatos, no momento em que levaram
Cristo ante o tribunal de Pilatos. Por um lado, quando trazem Cristo ante
Pilatos, Pilatos pergunta: ‘Porque me trazem este Homem?’ e os judeus diz ‘não
te traríamos se não fosse causa de morte.’. Ou seja, Cristo já estava condenado
a morte pelo Sinédrio. Cristo já estava sentenciado quando O levaram até
Pilatos. E de novo a pergunta: Porque Pilatos no Credo? Pilatos diz: ‘julguem
vocês!’ – ‘Nós não temos capacidade de aplicar a pena de morte’, diz os judeus.
Ou seja, a sentença não era uma sentença qualquer. Era uma sentença de morte.
Então Pilatos se dá conta que já lhe trazem um Réu que já está julgado,
sentenciado e com pena de morte. Então, Pilatos faz Cristo entrar, e os judeus
para não se contaminar, ficam para o lado de fora, e começa este diálogo
maravilhoso que faz com Cristo.E Pilatos se assombra porque Cristo, diante das
acusações, não fala nada. ‘Não está ouvindo do que estão Te acusando e não
falas nada?’ e Cristo nada diz. E em um momento Cristo lhe diz: ‘Todo aquele
que é da Verdade escuta a minha voz’. E o tonto Pilatos, que seguramente,
dentre tantas outras coisas era muito orgulhoso Lhe diz: ‘E o que é a
Verdade?’. Poderia ter ouvido a melhor definição do mundo da Verdade e Pilatos
antes de escutar esta definição se vai embora. Porque é um cético. É uma pessoa
que pouco lhe importa a Verdade e teria a Verdade frente a ele. Então sai ao povo
e diz: ‘Eu não vejo neste Homem causa de pena de morte’. PRIMEIRA DECLARAÇÃO DE
INOCÊNCIA! Então diz aos judeus: ‘Não! Este Homem esteve agitando as pessoas e
veio da Galiléia chateando e tumultuando dizendo que não se pague tributo a
César’. E quando se diz que ele é da Galiléia, Pilatos diz: ‘Pronto! Se és
galileu, mande-o a Herodes; eu não quero resolver este problema’. Lhe mandam a
Herodes. Interessante a situação de Cristo com Herodes, porque, se analisarmos,
Cristo tentou salvar Judas, tentou tocar no coração de Judas, quando disse:
‘Judas, com um beijo entregas o Filho do Homem?’. Falou com Anás, falou com
Caifás, falou com Pilatos, mas não fala com Herodes. Mas, porque? O que tem
Herodes? Herodes tinha sobre a sua consciência a morte de São João Batista, e
tinha sobre a sua consciência também o pecado público de estar vivendo com a
mulher do seu irmão, Herodíades, que por isso, era um libertino.Cristo, a
própria Pureza, nem se quer olha este homem. Veja que o desprezo que se tem
deste homem é manifesto! A Misericórdia é infinita, veja, como atua a
Misericórdia e a Justiça Divina. Então, diante de Herodes, nem se quer olha,
nem uma palavra lhe diz; e Herodes, incomodado, lhe faz por uma túnica branca -
que lembra a túnica que o sacerdote usa -
para fazê-lo passar por louco e lhe diz: ‘Ah! É um homem doido, vá-se
embora, já o tenho sentenciado’ e o mandam a Pilatos. Pilatos o recebe de volta
e diz ao povo: ‘Nem eu e nem Herodes vemos causa para condenar este Homem a
morte, vou soltá-lo’. E os sacerdotes começam a temer que se vai escapar a
Vítima. Começa a fazer pressão. E o que fazem? Começam a gritar coisas, o voto
popular. Ai vemos a origem da demonocracia.
Vemos que torcida é a demonocracia. E
então, Pilatos comete o primeiro erro. Disse: ‘Vou fazer açoitá-Lo para tratar
de tranqüilizar o povo. Vou fazer açoitá-lo e depois vou liberá-Lo’. Ele comete
o primeiro erro porque comete a injustiça, ele reconhece duas vezes a inocência
deste Homem e o manda açoitar. Açoitar um homem, um açoite feito pelos romanos
era uma coisa prévia da morte. Quando alguém não ia à pena de morte mas que
tinha que levar um bom castigo, o faziam açoitar. E muitos réus morriam durante
a flagelação. Por isso que os judeus mandavam que os réus de flagelação somente
poderia ter no máximo 39 chibatadas. Mas aqui quem está são os romanos a dar as
chibatadas e os romanos não fazem caso da Lei de Moisés e, no decorrer da
Semana Santa, Cristo sofre mais de 150 chibatadas. Mais de 150 chibatadas!
Então, se produz toda esta chacota que se faz com Nosso Senhor, os soldados
romanos começam a dizer: ‘Ah este é o Rei dos Judeus. Ponhamos uma coroa’. E
pegam uma cana [vara] para que se enterre a corroa à cabeça, coloca-lhe um
manto vermelho, fazem chacota dEle, todo este escárnio. E Pilatos manda trazer
o Réu e diz aquela famosa frase: ‘Ecce
Homo!’. Porque diz ‘Ecce Homo!’?
É uma ironia! Porque o que está aqui não é um homem, é um despojo de homem. É o
estado em que ficou Nosso Senhor após a flagelação. Mas, Pilatos já havia
cedido, já havia sido injusto, já tinha mandado sofrer semelhante escárnio a um
Homem que ele reconhecia que era Justo. E ele era a autoridade. E voltemos:
Porque Pilatos no Credo? Não foi, acaso, o povo judeu quem pediu a crucifixão?
E porque não está o Povo Judeu e sim Pilatos? Porque? E ai Pilatos, ante à
gritaria dos judeus, faz outra concessão ao inimigo, outra quebra. Pilatos diz:
‘Vou soltar a um réu. E vocês elegem qual réu. Aquele réu ou a este que se diz
Rei dos Judeus’ e traz Barrabás. E comete outra grande injustiça. Qual é? De
igualar Barrabás a Cristo. O erro com a Verdade. Um criminoso com a Suma
Justiça, a Suma Pureza. Isso é um juiz? Isso é uma miséria de juiz! E este juiz
põe Barrabás e Cristo ao mesmo nível. Bem, e o que gritaram? ‘Barrabás!
Barrabás!’. ‘E o que faço com o Cristo?’- ‘Crucifica-lhe! Crucifica-lhe!’. E já
cedeu uma vez, a segunda, põe Barrabás com Cristo, a terceira, a definitiva: Os
judeus vendo que Pilatos duvidava do que fazer; os judeus sabiam qual é o ponto
fraco de qualquer pessoa que tem poder. O ponto fraco de uma pessoa que tem
poder é perder o poder. Então disseram: ‘Cuidado! Se tu soltas a este, não és
amigo de César’. E ai, claro, Pilatos disse: ‘Como? Eu perder o meu posto por
conta deste Senhor? Não! Não! Tudo bem, Ele é justo, mas eu perder o meu posto
por conta deste Homem? Não!’. Vejam como os hebreus, que seguramente tinha uma
comunidade forte em Roma e quiçá os hebreus prestariam algum dinheirinho a César, como hoje se faz em
todas as partes, o que lhes recorrem a lembrar de César, porque eles tinham algum
poder sobre César. Então, se eles não tivessem poder sobre César, Pilatos não
tinha cedido ante a esta ameaça. Eles tinham poder sobre César! E é por isso
que aqui Pilatos já disse: ‘Não!Já não posso mais’ e cede a terceira vez e
manda trazer-lhe água e lava as mãos. ‘Eu sou livre do sangue deste Justo’.
Confirma a inocência deste Homem e o manda matar. Vejam que juiz! Magnífico
juiz! [ironia] E se lava as mãos. Bem, porque toda esta História? Porque
lembrar de toda esta História? Porque dizer Pilatos no Credo?
Queridos fiéis, Pilatos é
o elemento acabado e perfeito de um católico liberal. Ele reconhece a Cristo
como a Verdade, reconhece a Cristo como Filho de Deus, a inocência. Mas, não se
brinca com isso. Não se vai perder o posto por conta de um inocente... Não! Estamos fartos de liberais! Estamos
‘por aqui’ de liberais. E porque a Igreja põe Pilatos no Credo e não põe Anás,
Caifás, Judas? Porque Anás, Caifás,
Judas são inimigos declarados e pronto! Pilatos é o exemplo do qual devemos
tomar cuidado. É o católico liberal, aquele que reconhece a inocência do justo,
mas se lava as mãos, e que se arranje. Ou não são católicos liberais os
senhores que estão num Senado e votam uma lei iníqua como a lei do divórcio, a
lei do aborto, porque o partido o exige. E quantos desses senhores já foram
batizados? E quantos desses senhores se dizem católicos? Mas o partido manda
que tenham que votar uma lei iníqua, mas é claro que não vão perder o seu posto
de senadores, por favor, por um inocente [ironia]. Não! São homens do mundo...
Então os liberais começam a transar entre a Verdade e o erro, começam a colocar
a Verdade e o erro no mesmo nível e, claro, sempre, perde a Verdade. Então,
porque mencionar Pilatos? Repito: porque é o inimigo do qual nós temos que nos
cuidar. É o pior inimigo. Porque de um judeu,
de um maçon, de um comunista, estes eu sei que são inimigos; estes eu sei que
atuam como inimigo e pronto, mas um católico liberal que está mostrando,
inclusive, uma batina bem arranjada, inclusive bispos com botõezinhos,
vermelhos, bonitos... Mas o que falam? Dizendo que o [Concílio] Vaticano II é
95% bom, quando o [Concílio] Vaticano II diz, dentre outras barbaridades, diz que a Igreja de Cristo subsiste na Igreja Católica. Ou seja, a
Igreja de Cristo não é a Igreja Católica. É apenas um pedacinho. Subsiste. Só por isso, já é para jogar
no lixo o Concílio Vaticano II. Então, quando vemos homens defendendo o
Concílio Vaticano II, mesmo que falem de Cristo bonito, falem bem de Cristo que
é Filho de Deus, sim... sim... mas depois, menciona o Concílio [Vaticano II],
isso não presta para nada. Estes são os novos Pilatos. Estes são aqueles que
não entenderam quando Cristo disse: ‘Quem não está comigo, está contra mim.
Quem não recolhe comigo, espalha’. Não
há três bandeiras. Há apenas uma bandeira de Cristo e outra do Anticristo. Mas
o católico liberal está sempre buscando uma terceira bandeira. Mas, claro,
buscar uma terceira bandeira sempre se inclina pela bandeira do Anticristo e
sempre termina traindo a Cristo. E porque trago agora isto?
Alguns dias atrás, e eu me
lamentei já, fiquei com uma indignação terrível. O personagem que se diz ser o
chefe do movimento da tradição, um tal de
Mons. Fellay, resulta que convida um bispo [Athanasius] Scheider,
conservador. Este bispo que é conservador, gosta de celebrar a Missa
Tridentina, diz coisas bonitas, foi ao Seminário de Flavigny, da Fraternidade,
na França e pregou aos seminaristas que recentemente entravam. Coitados dos
meninos! Aos seminaristas, pregou, é claro, que o Concílio Vaticano II é uma
coisa boa. É preciso interpretá-lo bem, que tem atraído muitas coisas boas à
Igreja, e etc. Como é possível? Como é possível que sejam tão bandidos? Tão
traidores? Seminaristas que recém começam seus trabalhos, seus estudos e já
estão recebendo os venenos de que o Concílio Vaticano II é bom, que está tudo
bem, que é 95% bom... Senhores! Ou estamos com a Igreja de Sempre e todos os
Concílios Dogmáticos ou estamos com esta igreja nova e este concílio novo, o
Vaticano II. Não existe outra coisa. Não podemos estar com a Igreja de antes do
Concílio e esta pós conciliar. Não. São duas coisas que se opõe. Então,
queridos fiéis, somos um pouco Pilatos. Todos nós alguma vez já traímos a
Cristo. Todos nós, já reconhecidos a Cristo e dizemos ser católicos, mas
depois, no falar, no fazer, no vestir, enfim, traímos a Cristo. E por quê?
Porque desgraçadamente, estamos vivendo numa época de liberalismo puro e duro.
Temos mamado liberalismo desde o berço. Por isso devemos ter um cuidado
especial com o liberalismo e especialmente no que fazem à Doutrina, porque é
isso que faz direcionar a nossa vida. Se somos liberais na Doutrina, não vamos
alcançar o fim que é a salvação da noss’alma, e isso é certo. Então, porque a
Igreja põe Pilatos no Credo, é para que tenhamos atenção àqueles inimigos que
temos que nos cuidar. Aqueles que crucificam a Cristo diariamente, os que mandam
crucificar a Cristo diariamente, os que mandam crucificar a Cristo diariamente.
Pelos que parecem homens justos. Que parecem homens que põem em jogo o direito.
Mas fazem do direito o que querem. Então, queridos fiéis, peçamos a Santíssima
Virgem, que celebramos a Festa das Candeias, segunda feira. Celebramos e
entramos com as velas acesas como símbolo de Cristo, a Luz do mundo; que nós
devemos ser a luz do mundo e não sombra mais. Devemos iluminar e dizer as
coisas como são. Que ser liberal é pecado, como diz o querido Sarda y Salvany
no famoso livro, que a todos recomendo, O liberalismo é pecado; não podemos ser
liberais e ser católicos. Há um famoso sacerdote, apóstata, dizia que um
católico liberal é um maçon sem bandeira. E está muito bem dito. O católico
liberal é um maçon sem bandeira. Não é necessário que entre na maçonaria. A ser
liberal já está fazendo o trabalho dos maçons, os inimigos da Igreja. Cuidado
sobre estas coisas. Alertai sobre estas coisas. ‘Que o vosso falar seja, sim,
sim, não, não’. Disse Cristo. Não disse Cristo: Que o vosso falar seja 95% bem
[bom] e os outros mais ou menos... Não! Não! Por Deus! Estas coisas tem que
ascender a luz de alarme. E vemos 500 sacerdotes adormecidos frente a estas
coisas... ante estas luzes de alarme que já são tão evidentes. Então, claro...
repito: não podemos ser católicos e ser liberais.
Peçamos à Santíssima
Virgem, Ela que é a Mãe da Sabedoria, que Ela nos dê a sabedoria e a fortaleza
para que, distinguindo o erro, abracemos a Verdade e combatamos o erro e assim
um dia, alcançaremos o Prêmio eterno, que é o céu e a bem-aventurança. Ave
Maria Puríssima!”